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domingo, 9 de outubro de 2011

Algumas considerações sobre o cartaz/marca do evento


Por Amauri Araujo Antunes
                Quando nos reunimos para definir as linhas gerais deste Seminário, iniciamos um processo de revisões. Em torno da mesa, nos vimos como um grupo de aprendizes, integrantes de um curso que também está aprendendo seu papel nesta Universidade.
                Uma sensação de não-lugar, não pertencimento, desajuste mesmo, parece acompanhar a função de Professor de Teatro (se este sentimento não for comum a todos professores de artes).
                Penso que tal impressão, talvez ocorra pelo hibridismo da função. Um Professor de Teatro deve ser ator, diretor, autor, artista e, sobretudo, PROFESSOR.
                Além disso, precisa agir na inter e na transdisciplinaridade, dar conta dos conteúdos, estimular talentos, enfrentar preconceitos de professores e diretores, propiciar vivências, contribuir para o amadurecimento emocional dos estudantes, criar espetáculos, renovar a estética...
                Sentíamos que o cartaz do Seminário deveria fazer alusão às particularidades maravilhosas desta função.     
              Após muitas reuniões, algumas ideias, mas nada que contentasse a todos. Foi com este espírito que saí a passear em torno do CAL, municiado de uma pequena câmera digital, procurando imagens inspiradoras.
                Parei em frente ao impressionante Painel do Professor Juan Amoretti: Quinhentos anos de invasão da América (1992). Emocionei-me como se eu jamais o tivesse percebido. Passei a fotografá-lo em seus detalhes. Closes de animais, feições, conquistadores e conquistados, até que parei em uma expressão mista de medo e espanto. Parecia pertencer a um ser alado. Anjo decaído? Ícaro prestes a voar? Visões de um paraíso terreal perdido?
                Aquela imagem me fez pensar na nossa inquietação humana: a busca incessante de realizar nossos sonhos e o medo de fazê-lo. O medo e o prazer do vôo.
                A imagem encravada naquele painel fixado na parede do teatro gritava e sussurrava seus segredos. Era um eco dos pensamentos sobre o Seminário, eco do pensamento de todos os Professores, de todas as artes, eco de tempos imemoriais.          
                A imagem produzida por um artista peruano (também um professor) pareceu-me a resposta que procurávamos. Montei um esboço do cartaz, algo muito rudimentar, mas os outros integrantes do grupo conseguiram captar a ideia. Depois, outro grande artista, que prefere manter-se no anonimato, corrigiu os rabiscos e deu-lhes as formas que ilustram nossa programação, atitude que nos deixou muito gratos.
                Qualquer trabalho pode ser questionado e criticado. O inquestionável é o prazer maior de sintetizar, artisticamente, algo que é indizível e que funde em si tantos outros indizíveis. Isso é preciso aprender. E ensinar. E aprender a ensinar.
                Assim, dos não-lugares do Professor de Teatro, parece surgir nosso grande desafio: educar o espírito. Papel que cabe à arte, a grande professora da vida, e aos professores que ensinam arte, a quem agradecemos: obrigado.

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